Boçalidade humana: O caso Restart e a piada do estupro


Outro dia ao entrar no twitter para a minha surpresa e desgosto, nos TTs estava a tag #pelanzadeuoc*. Tem como ser mais escroto? Tem. Na verdade, a tag estava sendo tuitada pelos gringos, que achavam que estavam participando de uma campanha de mobilização por criancinhas brasileiras que sofrem com câncer. Como isso aconteceu, ou de quem foi essa ideia “genial” eu não sei, mas sei que achei ridículo e desrespeitoso com a pessoa do Pe Lanza.

Pô, não é porque a música do cara é uma porcaria (segundo que conceito?), que eu vou sair esculachando ele por ae. Não quero aqui dar lição de moral em ninguém por que não sou dona da moral nem responsável por promovê-la, mas pra mim é impressionante como algumas pessoas conseguem ser tão boçais e desumanas. Sim, desumanas! Foi só uma piadinha para alguns, mas alguém já se perguntou o que o garoto restart sentiu ao ver que estava nos trending topics da maneira como estava? Talvez ele não tenha nem ligado, pois, mesmo que muita gente não goste de sua música, ele tem fama e dinheiro (no momento), enquanto muitos dos que estavam zoando com a tag não passam de anônimos invejosos, muitas vezes. Se ele nem se abalou ou se ficou chocado e triste eu não sei, mas fiquei imaginando como ele se sentiu... E, me perguntava como alguém por simples vontade de zoar e brincar, fala qualquer merda sem ao menos se preocupar se algum dano será gerado em quem é zoado.

Esta semana (ou semana passado, sei lá) Rafinha Bastos foi alvo de críticas por ter feito seu trabalho (como ele mesmo disse) divertindo as pessoas com piadinhas bobas e inocentes (?) sobre estupro. Se é errado o que ele fez ou se é uma tempestade num copo d’agua o que estão fazendo, não é a questão pra mim, e sim o respeito. Estamos nos tornando especialistas em banalizar coisas que deveriam ter certa importância. Será que vale mesmo a pena rir a qualquer custo? Mesmo ferindo o outro?

O mais engraçado de tudo isso, é que fazemos o mesmo que criticamos, só não há a mesma proporção e "barulho". Então por que ficamos tão indignados com o caso do Rafinha? Por que fiquei meio que revoltada com a tag do Pe Lanza se rio pacas quando alguém imita um homossexual ou faz piada de gordo ou sobre negro? Na teoria, somos todos contra o preconceito, o racismo e coisas do tipo, mas na prática isso não se evidencia. “Mas é só piada” minha mente diz, mas e se a piada fosse eu, seria engraçada ainda? Não estou dizendo que temos de ser como robôs e achar graça das coisas politicamente corretas apenas, só estou questionando o meio usado para um fim determinado: a risada a qualquer custo.

Lembro-me sempre do mandamento que nos foi deixado por um cara muito mais inteligente que nós falhos humanos: Ame o próximo como a si mesmo. Por mais que o amor seja uma tarefa difícil, pelo menos o respeito ao outro é nosso dever exercitar, pois, vivemos em sociedade, e necessitamos ter um boa convivência, para assim quem sabe chegarmos a um estágio mais evoluído, a nível intelectual.

Há tempo para tudo diz a escritura. Existem momentos que a piada se faz necessária, a vida já é tão difícil às vezes, que levá-la excessivamente a sério pode causar algum mal a saúde, no entanto, mesmo nos momentos de descontração é preciso ter limites e consciência, se não a piada fica sem graça e de mal gosto.

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